04 abril 2012

Entrevista com Lily Braun



Como estou a estugar o passo até aos 30 anos e ainda não me tornei na Oprah Winfrey portuguesa, o mais provável é que esta seja a única oportunidade da minha vida de ser entrevistada com pompa e circunstância. Mesmo que seja apenas eu a colocar questões e a respondê-las, mas um toquezinho de esquizofrenia nunca fez mal a ninguém, certo?

- Lily, muito obrigada por ter cedido alguns minutos para esta entrevista.
- Ora essa, Entrevistadora Simpática. Tenho todo o gosto em partilhar um pouco da minha vida consigo e com os treze leitores do Dá-me um Lamiré.

- Pois bem, a Lily deixou de escrever no seu blogue anterior em Setembro e nunca mais ninguém soube nada de si. Começo então por lhe perguntar algo que todos quererão certamente saber: o que tem andado a fazer?
- A minha vida deu uma grande volta nestes últimos meses. Passei um estado de overwhelmingness que durou demasiado tempo, a partir de Maio até ao início de Fevereiro.

- Overwhelmingness?
- Sim, não estou a utilizar esta palavra em inglês só porque sim. Não existe tradução. É mesmo um estado em que temos mil coisas na vida às quais queremos prestar atenção e que queremos controlar e mudar e não sabemos por onde começar. Quando estamos nesse estado, existem duas opções: ou enlouquecemos ou iniciamos o processo de mudança. E foi esta última que resolvi fazer.

- Como deu início a esse processo?
- Poderá achar que estou a brincar, mas cortei o cabelo. Utilizava o cabelo comprido há mais de 3 anos e resolvi cortá-lo e afirmar o meu AFRO de uma vez por todas.

- Interessante, realmente as mudanças radicais de visual despoletam sempre qualquer coisa numa mulher...
- Sim, é mesmo verdade. A questão é que, a partir de então, todas as peças se começaram a mover. Encontrei uma casa no centro de Lisboa e fui morar sozinha pela primeira vez na vida. Depois decidi despedir-me do meu trabalho e tornar-me freelancer. Precisava urgentemente de recuperar a vontade de me levantar de manhã e não desejar ardentemente ser atropelada para não ter de ir trabalhar.

- Despediu-se de um trabalho estável e com contrato sem termo? Como se sente em abandonar a certeza e ir voluntariamente para o mercado dos recibos verdes?
- Sinto-me bem. Muito bem. Essa coisa da estabilidade tornou-se muito relativa nos anos em que vivemos. Os mercados são voláteis e a qualquer momento podemos ver-nos sem chão. A maioria dos amigos apoiou-me, os meus pais não me fizeram perguntas. A única pessoa que pareceu verdadeiramente incrédula foi o meu chefe que teve a lata de me perguntar «Como é que vais fazer dinheiro?».

- (olhos abertos)
- Pois é. Ridículo, não é? O meu sonho é esfregar o meu IRS na cara dele, para que entenda que não preciso dele para nada.

- E como tem corrido a vida como tradutora freelancer?
- Estou a habituar-me lentamente a esta liberdade de que disponho. Como sou naturalmente noctívaga, ainda não consegui definir um horário para acordar, trabalhar e ir dormir pelo que ando a viver ao sabor do meu volume de trabalho. Tenho mais tempo para viajar, basta levar o meu Vaio e consigo trabalhar em qualquer lado.

- Assim, de repente, parece-me perfeito.
- A minha vida não está nada mal (risos).

- Lily, e planos para o futuro, tem algum?
- Bem, existe um projecto relacionado com música na calha. Um produtor convidou-me para gravar um álbum. Ainda estamos numa fase embrionária, de composição e de gravação de demos. Não tenho grandes pressas, mas a verdade é que a Lily Braun nasceu para cantar.

- Desejo-lhe a maior sorte do mundo.
- Muito obrigada. Para si também, Entrevistadora Simpática. Foi um prazer.

2 comentários:

Não desafinem, pode ser?